05 março 2007

Down On The Upside...

...

A linha acima é o que eu tenho a acrescentar em relação às duas letras (as duas do Chris Cornell) e tudo o que elas dizem, além de falarem por mim nesse momento...


Blow Up The Outside World

Nothing seems to kill me no matter how hard I try
Nothing is closing my eyes
Nothing can bring me down for your pain or delight
And nothing seems to break me no matter how hard I fall
Nothing can break me at all
Not one for giving up though not invincible I know

I’ve given everything I need
I’d give you everything I own
I’d give in if it could at least be ours alone
I’ve given everything I could
To blow it to hell and gone
Burrow down in and
Blow up the outside world

Someone tried to tell me something
Don’t let the world bring you down
Nothing will do me in before I do myself
So save it for your own and the ones you can help

Want to make it understood
Wanting though I never would
Trying though I know it’s wrong
Blowing it to hell and gone
Wishing though I never could
Blow up the outside world
Blow up the outside...


Boot Camp

I must obey the rules
I must be tame and cool
No staring at the clouds
I must stay on the ground
In clusters of the mice
The smoke is in our eyes
Like babies on display
Like angels in a cage
I must be pure and true
I must contain my views
There must be something else
There must be something good
Far away... Far away from here...


As duas músicas são do último disco do Soundgarden, cujo nome é o título deste "post"...
Achei melhor mantê-lo no original... Achei que a tradução não seria tão fiel à sensação e ao visual que a frase originalmente carrega consigo...

Mas é algo como estar no topo e, ao mesmo tempo, estar para baixo... É o que define de fato o meu momento agora: milhões de acontecimentos estourando na minha frente ao mesmo tempo... Nada daquela rotina fria e impiedosa... Muitas pessoas me fazendo feliz (ou tentando), todas as coisas (tentando) se encaixar e mostrando diversas oportunidades e cenas de valor tão inestimável agora quanto será por muitos anos... E ao mesmo tempo, um tédio, um marasmo, uma força negativa me puxando pra baixo e fazendo todas as amenidades - ainda que apenas amenindades - desmoronem de uma só vez diante de mim... E eu acabo estagnado, sem direção... Acabo magoando quem têm me feito mais feliz e de certa forma deixando mais feliz quem, definitivamente, não torce por mim.

Não é dar-me por vencido. Isso NUNCA... Mas, assim como o segundo texto postado nesse blog, é sempre algo que vai passar e vai voltar. E, mesmo não me dando por vencido, me sinto forçado a seguir certas regras por um tempo... E fazer essa roda gigante da vida dar mais uma volta completa, até que eu esteja no topo e me sinta, de fato, lá no alto...


*Ouvindo: Soundgarden - Boot Camp

22 fevereiro 2007

Música (Co)incidental


Para começar, peço desculpas pela demora a quem ainda visita este blog em busca de algum espasmo de consciência e conceitos que (ainda que raramente) passem pela minha cabeça.
O motivo é até óbvio, para não dizer repetitivo: acontece com tantos o evento da vida, quando começamos a nos deixar tomar pelos momentos, sejam eles banais, importantes, inadiáveis ou ainda necessários... Esses dias, São Paulo estava no meio de uma chuva absurda, eu estava de frente para o metrô Clínicas, em um ponto de ônibus.
De repente, me peguei observando a paisagem. Era um cinza brilhante... Na verdade, um prateado... O céu combinando com os prédios e o asfalto, como se fossem todos pintados numa mesma tela com os mesmos tons, e bem no meio uma propaganda vermelhíssima (acho que ficou mais vermelha ainda com as gotas de chuva sobrepondo-se a ela) de um banco famoso. Também havia duas árvores, em particular, com as folhas muito verdes e flores bem roxas. Parecia uma foto. E eu percebi que, se os filmes são milhões de fotos em seqüência numa velocidade incrivelmente rápida, ainda não inventaram uma máquina que nos dê uma imagem tão rápida e bonita e perfeita quanto a vida.

Então, essa noção de não parar para escrever ou racionalizar as coisas quando nós temos tudo isso para curtir, e não nos dá tempo para parar, foi exatamente o que se passou comigo desde o último post. E tem muito a ver com o que eu vou publicar hoje.

Em um dos nada raros momentos de auto-filosofia, me peguei pensando na coisas que nos fascinam por se apresentarem iguais a nós ou ao nosso modo de pensar a vida/enxergar o mundo. Damos vários nomes e expressões, como “estava escrito nas estrelas”, ou “é o destino”, ou ainda “o caminho inalterável das coisas”. Na verdade o que acontece é exatamente aquilo que procuramos. Para usar mais um clichê, “colhemos aquilo que plantamos”. Mas aqui não estou colocando no sentido de causa/conseqüência, apesar de ter essa carga associativa inclusa.

Coincidência. Conversando com um amigo no começo do ano (depois do meu último post aqui), discutimos o significado pelo significante: co-incidência. Significa que é um evento que acontece quando duas ou mais coisas incidem no mesmo ponto, ou na mesma direção, como queiram. É simples assim! Não foi o mundo todo ou os astros ou a cor da sua roupa de hoje que conspirou a favor de você conhecer uma pessoa, reencontrar outra que você acabou de pensar, conquistar algo que estava tão perto. São as pessoas mesmo que traçam seus caminhos e, se o objetivo de cada um destes for o mesmo, é óbvio e quase 100% provável que elas pensem do mesmo jeito, utilizem-se dos mesmos mecanismos para viver e observar o mundo e alcançar suas metas, e tinham naquele momento inclusive os mesmos conceitos e opiniões sobre os mesmos assuntos e acontecimentos.

me enganei muito muito pensando “nossa, foi o destino que me trouxe aqui...” Ou então “como posso estar ao lado de pessoas que têm tanto ao ver comigo?”. Isso não tem nada de sorte ou caminhostraçados. E é óbvio que cargas quase telepáticas ou conexões com pessoas de energia semelhante ou praticamente igual a nossa existem. É exatamente o que os astros e estrelas refletem para nós. Ou seja, eles não têm a resposta para o que queremos saber, pois são apenas espelhos, muito importantes para enxergarmos aquilo que não conseguimos ver sem luz... O que eles fazem é refletir exatamente o que fazemos aqui.

E tudo isso só traz a certeza de uma coisa: se temos algo ou alguém muito parecido por perto, tudo o que temos a fazer é valorizar esse momento e ter nessa pessoa também um astro ou uma estrela para refletir nossa luz e nossos sonhos e pensamentos. Nunca sabemos o quanto vai durar e por isso mesmo não podemos depositar todo nosso futuro nelas, para não as sobrecarregar de algo que ainda nem existiu. Devemos nos deixar levar pelo que encontramos no caminho, lembrando sempre que cada passo dado nos leva na mesma direção de muitos, e na direção oposta de muitos outros, e não há nada que possamos fazer além de aproveitar as nossas escolhas. Devemos curtir esses caminhos, curtir cada trilha sonora que cada cena carrega, curtir cada momento que cada pessoa nos proporciona, sem nunca atribuir somente ao outro a “culpa” ou “conseqüência” disso tudo... E devemos deixar que essa música co-incida em cada um de nós, pra sabermos quem, de fato, somos agora, procurando nas estrelas apenas o seu brilho e não mais todas as respostas do universo.

*Ouvindo: Soundgarden - Zero Chance

03 janeiro 2007

Mais um ano a menos...

Dessa vez, eu fiquei sem escrever durante todo esse tempo propositalmente.
Explico: não queria ser banalmente atingido e contagiado por essa síndrome hipócrita (ainda que seja na ocasião uma tentativa honesta de ter algum tipo de esperança) das festas de fim de ano. Talvez fosse escrever um texto que não tivesse nada a ver comigo em absoluto. Ficaria gravado aqui, então, um conceito inútil com votos de prosperidade pra um futuro que não existe em outro lugar que não nos calendários que ganhamos das padarias, farmácias e açougues.

Resumo essa introdução com o pedido para que leiam o meu primeiro post de 2005 (e penúltimo daquele blog) sobre minha relação com o tempo:

http://www.rubensdionisius.blogger.com.br/2005_01_01_archive.html

Enfim. Fato é que aconteceu. Eu esperava mais um daqueles finais do que chamamos de ano, e já esperava aquela coisa morna, cinza (mais cinza ainda com a garoa insistente do litoral sul de São Paulo), que faz a gente até perder a noção do nome do dia em que a gente está... Não foi nada raro me pegar pensando “hoje é sexta? Amanhã já é domingo?” e ouvir muitas outras pessoas ao redor fazendo as mesmas perguntas. É tudo um grande dia longo no qual a gente dorme 4 vezes a cada 24 horas (o que foi determinado por um certo contrato social que se chamasse dia). E o que fica na mente é que, ainda que tenhamos aprendido muito com o ano que passou, e que o aprendizado seja permanente enquanto vivermos, cada ano que passa é um ano que já passou. Cada ano a mais é na verdade um ano a menos na nossa linha da vida.
O último dia... Desculpem-me... As últimas 24 horas do ano não foram diferentes das 72 anteriores, salvo reuniões com os amigos e almoços com a família. Mas algo tomou conta de mim às 23:59 do dia 31 de dezembro de 2006: algo que nos anos anteriores vinha forte demais ou não vinha por absoluto... Uma sensação de necessidade de mudança. Sensação que trouxe uma certa coragem no meu peito quando os fogos começaram a subir na direção do céu escuro, sem estrelas, como se subissem pra pintar novas estrelas no lugar daquelas que sumiram. E então eu decidi, no primeiro minuto de 2007: quero pintar estrelas novas no meu céu daqui pra frente.

Não vejo motivo algum (a não ser meu ceticismo sobre conceitos iguais a esse) para não chamar essa sensação de esperança. Não na paz mundial, nem no amor entre diferentes raças e credos. Isso sim, seria muito mais egoísmo do que ter a esperança que eu senti, de que eu tomaria de vez as rédeas das minhas buscas e construiria, à partir dali, meu próprio caminho, ou ainda diversos caminhos diferentes pra que eu possa escolher um definitivo, se eu tiver essa oportunidade. Não vejo como egoísmo pensar nos meus caminhos e buscas, pois sem eles eu não poderei nunca fazer a minha parte como membro de uma sociedade, de uma raça, de um povo, de um grupo, de uma banda, de uma universidade, de uma família. Simplesmente desejar tudo de bom está bem longe de dedicar-se ao que mais gosta e, como conseqüência, fazer o possível pra que tudo esteja, continue ou comece a ficar bom.

Os fogos acabaram, mas essa chama ficou e ficará aqui dentro por muito tempo... Tempo esse imensurável. Não me sinto contagiado pelo bichinho do fim de ano. Me sinto contagiado pelas estrelas que foram sumindo para dar lugar a novas cores, formas e movimentos no céu.

E que as novas estrelas, ainda que passageiras aos olhos, permaneçam brilhando infinitamente na alma.


*Ouvindo: Pearl Jam - Oceans