04 dezembro 2016

O Bater de Asas

As moscas se foram
Com os resquícios de memórias sujas e em decomposição
De palavras encardidas de ingratidão e soberba
Voaram para um pouco mais longe
Por não suportar a limpeza da alma

A joaninha se foi
Com pintas de quem quis encontrar a sorte em outra folha
De mais paz, ainda que de mais silêncio
Voou para bem mais longe
Por não desistir da colheita do amor

As mariposas voltaram
Como borboletas que escolhem sua cor pálida para evitar a morte
De humildade impregnada de indiferença ao que só é belo aos olhos
Voaram para mais alto
Por querer compartilhar a luz da reflexão

E eu fico
Como barata tonta de humanidade desafiadora e demasiada
Desejando ter um par de asas para fugir do meio par de chinelos
Vou e ando pelos cantos
Por não querer escapar e esvair pelo ralo da vida


*Ouvindo: Iron Maiden - Prodigal Son