27 outubro 2009

Cortina de Fumaça


Atravesso a cortina
E essa visão me faz bem
As luzes me alucinam
E seus olhos me encontram também
E o que faz eu me levantar
E chegar até a mesa em frente
E chamar você pra dançar
Só quem sabe é a gente

O mundo no qual a gente está
Só pertence a mim e a você
E quando esse mundo parar
Só nos resta esperar amanhecer

Acordado quase sem dormir
E minha visão embaçada
Suas pistas ainda estão aqui
Mas não encontro mais nada
E o que faz eu me levantar
É saber seguir em frente
E olhar você quando cantar
Que eu sou diferente

O mundo no qual a gente está
Só pertence a mim e a mais ninguém
E quando esse mundo voltar a girar
Só lhe resta me ver com outro alguém

E quando essa cortina eu atravessar
A dança será outra, meu bem
Cada um com seu próprio par
E talvez você entre também



Depois de mais de um mês, consigo forças e também tempo hábil para vir aqui postar mais uma letra. Mas a realidade é outra: a motivação para vir aqui compartilhar com vocês tudo o que se passa no meu dia-a-dia, de uma forma bem menos sucinta que 140 caracteres, ainda é a mesma. Contudo, a minha piscina do tempo está até a borda de ocupações. E uma delas é a concretização do meu sonho maior: atingir as pessoas com minha música e minhas palavras de uma forma mais abrangente.

Minhas músicas foram postadas no site www.oinovosom.com.br/reversi, e até hoje a banda (Reversi) já apareceu nos principais rankings do site diversas vezes, sendo baixada por muita gente!

E, então, me lembrei dessa letra, e das minhas frustrações no post anterior, que na verdade só serviram pra me mostrar o que reluz no meio dessa fumaça toda, e que não tem a pretensão de fazer com que eu acredite que é ouro puro. A letra é, provavelmente, a mais direcionada até então à temática de um relacionamento. Só que ela se encaixa tão bem em uma outra interpretação que eu mesmo me peguei surpreso pelo que minha própria música me passou.

Eu tenho que me importar com quem está do meu lado! E com aqueles que mesmo não estando do meu lado estão, longe, torcendo por mim, da mesma forma que eu sempre torço por eles. E eu só tenho a agradecer cada momento e cada ajuda nessa batalha da vida, sem que me privem de ir sozinho conquistar a parte à qual eu sou responsável por conquistar.

E é sempre assim e sempre será: the sweet is never as sweet without the sour.


*Ouvindo: Secos e Molhados - Fala

23 setembro 2009

Terra Alvorada


Hey, terra alvorada.
O que você quer mais uma vez tirar de nós?
Hey, o que fizemos?
Não sei dizer, mais uma vez estou sem voz.

Só resta aceitar
Mas ainda acho bem melhor
As mãos levantar
Mostrando o dedo maior
E a bandeira em preto e branco e azul desbotado
Além daquele hino que eu só sei de cor.

Hey, ó pátria armada
Quando é que você vai também morrer por nós?
Hey, o que é que temos?
A idolatria se perdeu no meio dos faróis.

Só resta aceitar
Mas ainda acho bem melhor
As mãos levantar
Mostrando o dedo maior
E a bandeira em preto e branco e azul desbotado
Além daquele hino que eu só sei de cor.

Ouviram dessas ruas feitas de nosso suor
De heróis sangrando um grito humilhante
E o sol vermelho escorre como a nossa lágrima
Só brilha nessa capital distante.



Sim. Demorei muito tempo para voltar aqui com minhas letras, e quase completou um mês de distância desse blog.
Muitos foram os motivos. Alguns maravilhosos. Outros bem bons. Alguns ainda teimaram em querer estragar toda a festa aguardada há tanto tempo.
Contudo, o que me sobra hoje é um imenso desespero em ver tudo estático, depois de ver com os próprios olhos como o mundo gira de verdade. Quem realmente lhe quer bem e quem está do seu lado por causa daquele "algo em troca" que você sempre está lá para oferecer. Aliás, você descobre também quem sempre esteve mesmo e que, na verdade, nunca esteve.
Talvez seja tarde demais para descobrir isso. Talvez não seja a primeira e nem seja a última vez a descobrir coisas desse tipo.
Só que desta vez doeu um pouco mais fundo, exatamente porque o sangue que corre aqui é mais puro que nunca, o coração bate mais cheio de alegria e coragem que nunca. E de repente você percebe que nem todo mundo se sente feliz por você estar assim???
Não que deva ser a única coisa com a qual as pessoas devam se importar - e, ironicamente, este é o maior engano que as pessoas cometem, achando que é o que eu demando delas, quando eu na verdade nunca quis que fosse desse jeito. Agora, não dá nem pra eu pedir (quase implorando) um pouco de reciprocidade, em mesmo grau e proporção?
Não é nem questão mais de criar expectativas. É de não poder contar com o mínimo daqueles a quem você sempre deu o máximo de si.

Enfim... Isso me fez lembrar um pouco do quanto muitos de nós temos nos sentido em relação ao nosso país, ou até mesmo à nossa cidade, e do quão pouco nós mesmos fazemos em relação a isso. Até mesmo por não conseguirmos fazer nada nem em relação às nossas próprias relações sociais, tornando problemas mais importantes proporcionalmente maiores do que a gente pode lidar.

Ainda assim, minha vontade real era de postar aqui hoje, também, a música Vai Passar, postada neste blog em 21 de novembro de 2006. Para auxiliá-los, segue o link: http://informatioverload.blogspot.com/2006_11_19_archive.html

E uma hora, quem sabe, nossa voz volte, mesmo que continuemos gritando.


*Ouvindo: Dream Theater - Misunderstood

26 agosto 2009

Lado Oposto


Hoje vou começar da forma oposta à qual eu tenho começado os textos e pseudo-explicações das minhas letras. Começo assim porque, apesar de já musicada, esta letra que postarei hoje não foi ainda gravada - apenas a letra foi registrada -, o que a torna diferente das demais postadas anteriormente.

Além disso, essa letra abre quase que simetricamente a segunda parte de postagens e a segunda metade das letras que eu tenho pensado para um primeiro disco completo - ou para um segundo EP - da Reversi. Simetricamente porque, de certa maneira, alguns dos elementos que eu usei nas músicas anteriores (nota: quando eu digo anteriores, eu me refiro às postagens aqui no blog, e não à época ou ordem em que foram escritas e compostas) são usados novamente, mas com conotações diferentes. Ou ainda porque os próprios temas se apresentam de forma mais escancarada; nenhuma das letras publicadas anteriormente trata sobre relacionamentos afetivos - ou, quando trata, é de uma forma implícita e geralmente não é seu tema principal.

Por isso, convido-os aqui a conhecer um novo quadrante dentro das minhas idéias e das palavras que se apresentam a mim para que eu possa descrever como eu vejo minha responsabilidade em relação ao que está ali, exatamente, do outro lado, mesmo quando tudo se perde nas linhas, entrelinhas e nos espaços, enfim...


Lado Oposto

Enquanto eu puder vou negar a sua mão
Que se estende a mim e me laça ao chão
E a faca que corta os laços daqui
Não vai machucar mais que os laços em si

E, se dói, só resta a mim que faça sol do lado de lá

Se as lágrimas que caem não lavam minha alma
Não cobre do peito nem trégua nem calma
E o próximo passo que eu saiba só
Não tenha da estrada nem medo nem dó

E, se dói, só resta a mim que faça sol do lado de lá
Doce sol, lá
Doce sol


*
Ouvindo: Pitty - Trapézio

16 agosto 2009

Sol


Vou sair daqui
Nada vai me impedir de estar ali
Salvo e são
Acordo de um sonho ruim que me prende ao chão
Vou ao céu
Quero esquecer que o céu é um só,tão vazio
Ver o sol
Pego minhas coisas e rumo pra onde eu queria estar

Tomo o rumo que eu mesmo escolhi pra mim
Sigo o caminho que me leve ao meu próprio sol

Flutuando
Não quero sentir o que eu deixei pra trás me segurar
Nuvens me cercam
Eu quase posso tocá-las com as minhas mãos
Não me espere aqui
Pego carona nas próprias asas que eu criei
E parto, enfim
É o parto o que dói, e farto eu chego ao fim

Tomo o rumo que eu mesmo escolhi pra mim
Sigo o caminho que me leve ao meu próprio sol
Quero chegar tão perto que eu possa me sentir vivo, enfim
Mesmo que minhas asas brancas se tornem cinzas.



Sem muito mais a dizer/escrever. Termino as postagens das letras já musicadas da minha banda - Reversi - após uma semana, um mês, um ano e uma vida inteira levantando vôo em busca dessa estrela tão maior que nos ilumina e que somente derrete as asas daqueles que as criam artificialmente.
Pois quando os sonhos se tornam reais, por mais que o resultado lá no alto saia diferente do que a gente queria, pelo menos não deixamos de tentar voar e chegar perto por sermos covardes ou termos coragem demais.

E assim se fecha mais um daqueles ciclos, onde crescemos, renascemos, renovamos forças e sentimentos, e encaramos a próxima jornada com olhos, mente e coração mais puros e apurados, mais calejados e ainda assim abertos ao que vier...

...e que venham os novos raios de sol...

...e, se não vierem, que sigamos em busca dele.


*Ouvindo: Reversi - Sol

10 agosto 2009

Nada Igual


Quando vai parar?
Quando vai mudar sem que alguém te diga pra mudar?
Só vai entender
Quando perceber que tudo sempre esteve aqui
Procurar a chave
Pra uma porta que já estava aberta pra você
É procurar errado
Quando ao seu lado está aquilo tudo que você quer ver

Sair do sério e da rotina é o que você quer
Então por que não solta o freio e deixa tudo andar?
Suba na prancha e deixe a onda te levar
Esteja pronto pra que venha o que vier

E no final
Não é normal se for tudo igual
Não é real se for sempre igual

Depois de escalar
E então chegar ao topo
Me diz: pra quê olhar pra trás?
Não sabe aonde vai
Nem como chegar
Não espere uma bússola pra te guiar

Sair do sério e da rotina é o que você quer
Então por que não solta o freio e deixa tudo andar?

E no final
Não é real se for tudo igual
Não é normal se for sempre igual
E no final
Não é real se for sempre igual
Não é normal se for tudo igual
Não é real, não é normal
Nada é igual



Antes de vir aqui para continuar a postar as letras das músicas da Reversi, eu fiquei pensando em como eu poderia complementar a idéia de Nada Igual. Essa é uma letra bem mais livre e menos rigidamente estruturada por si só: foi uma letra feita e pensada juntamente com a música desde o início. Por isso decidi falar sobre ela de uma forma menos formal que as outras, tratando-a como música em si e não simplesmente o seu texto.

Nada Igual
veio para ser uma música bem mais divertida e agitada, e por isso nasceu assim, mais livre. Ao mesmo tempo, em contrapartida, a idéia de trazer algum conceito para a letra não poderia ficar de fora, tornando-a uma música um tanto quanto vazia de idéia. Apesar de essa ser a primeira impressão deixada pela letra e ainda mais por ela com a música - que vocês ouvirão bem em breve - o que eu tento passar através da letra é a idéia de que há algo errado, ou ainda algo a se desconfiar, quando algo ou alguém se comporta sempre da mesma forma, ou tem sempre a mesma cara, ou nunca muda. Primeiro porque todos nós somos passíveis de mutações ideológicas - aqui cabendo paráfrases tanto de Rush quanto de Raul Seixas - e emocionais, de acordo com o meio em que estamos ou com o quanto nos deixamos ser influenciados por ele. Segundo porque o "tudo igual" geralmente é muito artificial, ou ainda uma máscara para esconder o que realmente acontece. Na "melhor" das hipóteses, as pessoas deixam tudo ser igual à sua volta com medo de abrir mão do que têm por algo maior.

Por isso, de certa forma, a música é direcionada especialmente para as pessoas que se encaixam à "melhor das hipóteses", já que as outras são, na minha opinião, mecanismos de pessoas fracas, que preferem mascarar os próprios problemas e fraquezas para se mostrarem mais fortes que os outros, quando são, repito, as mais fracas. Quem tem medo de deixar o certo pelo duvidoso porque "é assim que a vida ensina" perde metade ou mais da essência do que é realmente viver; daí eu sempre caio naquela vertente meio Faustiniana de valorizar a busca à qual a vida é quase que dependente. Se você pára, seja por seus medos ou seja pelos outros que não só não te ajudaram a chegar ao topo como ainda tentam te puxar de volta para baixo, você não pode reclamar que tudo sempre anda igual, e muito menos se conformar achando que isso é a vida real, ou a viver a vida normalmente.

Em suma, Nada Igual é uma música mais livre exatamente porque é sobre se arriscar, é sobre não mascarar as fraquezas e tomar as rédeas da própria vida, e também sobre dar valor ao que já foi conquistado e ao que se quer conquistar, sem dar importância ao que dizem a você que é certo ou errado. Mesmo que, às vezes, quem diga isso seja a sua própria consciência, por vezes tão viciada a se importar com a opinião dos outros.


*Ouvindo: Reversi - Nada Igual

03 agosto 2009

Antíteses


Os dias são tão escuros
E as noites brilham cada dia mais
O mais cedo possível agora é tarde demais
A pressa anda tão lenta
E não há direção nos pontos cardeais
Seguir em frente só me levou a andar pra trás

E quando é tudo ou nada
Escolho sempre a mesma coisa

Não há mais nada genial
São apenas contradições
Antíteses de mim mesmo
E de tudo o que eu não sou

Os seguros já morrem jovens
As loucuras já são normais
A vida publica o que acontece nos jornais
O barulho está tão quieto
E o silêncio quebrou os cristais
Até já criei minha própria guerra
Pela minha própria paz

E quando o tudo é nada
Nada é sempre a mesma coisa

Não há mais nada genial
São apenas contradições
Antíteses de mim mesmo
E de tudo o que eu não sou




Voltando às postagens das minhas letras, decidi escolher esta que vem tão bem a calhar para essa semana. A letra é bem metalingüística, ou seja, auto-explicativa a ponto de ao mesmo tempo sacar que esse é o nosso cotidiano, e ao mesmo tempo trazer todas as contradições bem explicitadas. Sem maquiagem, sem qualquer figura de linguagem além das próprias antíteses escancaradas.

E se eu sou uma pessoa normal, e por isso mesmo carrego dentro de mim todas essas contradições, o que é que eu NÃO sou, enfim?
Eu tenho uma tentativa de resolução (no meio de tantas criadas por todas as pessoas que um dia se perguntam qual o seu papel no mundo) que está desde sempre postada no meu perfil de Orkut - e que lugar mais irônico para tentar definir uma resolução do "quem sou eu?", não?

Ainda assim, fico com a definição que a Danny colocou no blog dela - Sorrisos Largos - mais precisamente no post de estréia do blog, que de certa forma até compactua com a minha idéia de que, não adianta o que eu faça, eu sempre serei uma pessoa diferente para cada pessoa diferente. E não há nada - genial ou não - que possa ser feito em relação a isso.


*Ouvindo: Cazuza - Só Se For a Dois

27 julho 2009

Último Vôo Solitário

Caídas no chão da estrada comprida
As asas do anjo que sente saudade
Rasgam-lhe a face o sorriso e a verdade
Ouvindo o riso que lhe trouxe à vida

Lembranças tranquilas do vôo recente
Inspiram cada momento pulsante
Nosso encontro que, tão breve e tocante,
Ainda me toca e me deixa dormente

Rir já se torna parte obrigatória
Uso e abuso das palavras que vêm
Brotam do peito, fazendo esta história

E assim o que busco os teus olhos têm
Nada me tira o juízo e a memória
Somente as tuas asas me caem tão bem



Rubens Loureiro - Junho/2009


Como se pode ver, este soneto foi escrito há pouco mais de um mês.
Porém, depois de um fim de semana marcado por momentos pulsantes e risos obrigatórios, me senti na obrigação de postá-lo agora e interromper, apenas por uma semana, a postagem das letras da Reversi. Até porque, mesmo que haja algo novo essa semana a ser postado na próxima, com certeza fará parte de alguma música da banda.

E agradeço mais uma vez às pessoas que ainda lembram desse pedaço de mim e também às pessoas que, independente da distância ou do grau de relacionamento, me fazem ver cada vez mais que cair na estrada sempre vale a pena.


*Ouvindo: Pearl Jam - Small Town

20 julho 2009

Cada

Cada estrela que cai brilha mais
Cada sonho é mais do que a vida nos traz
Cada nota soa e flutua infinita
Cada passo na corda bamba é arriscado

E essa corda bamba que me enrosca aqui
Já me faz muito bem porque posso tocar
E se um dia eu partir essa nota ainda há de soar

Cada destino é sentido tão perto
Cada gesto largo é sólido e certo
Cada muro tem os dois lados da história
Cada gole é mais amargo que a memória

E as memórias e as danças que nos fazem lembrar
De um filme que assistimos a queimar
Estão na folha que mostra o dia em que vamos cair

E serei memória, então
E serei história em vão
E serei sólido, enfim
E cairei um dia, e fim

E as memórias e as danças que nos fazem lembrar
De um filme que assistimos a queimar
Estão na folha que marca o dia em que vamos cair

E essa corda bamba que me enrosca aqui
Já me faz feliz porque posso tocar
E se um dia eu partir essa nota ainda há de soar



E, assim,
o todo só se faz presente e completo com cada parte em harmonia plena, ainda que imperfeita.
E, quando não estão no devido lugar, é nossa parte arrumar a bagunça que nós mesmos fizemos.

Porque o tempo passa, nós passamos, e o que fica é o que deixamos como exemplo pra quem fica e nos vê cair definitivamente.


(Essa letra foi escrita em meados de 2006, mas de certa forma traduz o que aconteceu durante toda a vida de um cara que eu sempre admirei e que há quase um mês caiu, e provou muitas coisas presentes nesta letra. Dedico não apenas a letra mas também esta postagem a Michael Jackson, de quem sou desde quando aprendi a gostar de música, há mais ou menos 20 anos, e que provou mais uma vez que, hoje e sempre, "cada estrela que cai brilha mais".)


*Ouvindo: Michael Jackson - Man In The Mirror

13 julho 2009

Me

Leia-me como se eu fosse a última letra
Ouça-me como se eu fosse a última voz
Talvez eu seja enfim
Grave-me como se eu fosse uma recordação
Toque-me como se houvesse do em mi
Talvez não haja dó em mim

Só não tente explicar
Tudo aquilo que ninguém pode entender
Mostre apenas o que você vê
Só não tente entender
Tudo aquilo que ninguém pode explicar
Talvez não valha a pena

Olha-me como se eu se eu fosse um novo aluno
Mostre-me que tudo está por se provar
Prove-me que nada disso é real
Lembre-me de ir embora assim que acabar
Deixa-me seguir que só assim eu chego lá
Lembre-se de mim enquanto eu estiver aqui

Só não tente explicar
Tudo aquilo que ninguém pode entender
Mostre apenas o que você vê
Só não tente entender
Tudo aquilo que ninguém pode explicar
Talvez não valha a pena


E não: não é um título em inglês.

Eu e meus diversos eus estão , dentro desta letra, sem meias palavras, mas sem egocentrismo.
Sou apenas o
objeto da música. E sempre o serei.

E foi bem
irônico o fato de postar essa música bem no fim de uma semana em que eu percebi o quanto eu estava me "superexpondo" (a nova regra ortográfica do português ainda me deixa careca). Então eu decidi construir o muro que eu demorei tanto para derrubar, pelo simples fato de poder assim me proteger...
Mas,
me proteger de quê? Acho muito mais fácil, ainda que menos prático, carregar comigo um escudo e saber usá-lo na hora exata e necessária.
Com isso, apenas
terminarei de construir o muro como forma de aprendizado, com cada bloco colocado com cuidado. E não vou destrui-lo de uma vez, e sim desconstrui-lo, aos poucos, sabendo retirar com cada bloco um mal desnecessário.

E já que estamos falando do que eu
sou, ou da única coisa que eu sei que sou... Feliz Dia Mundial do Rock pra vocês!


*Ouvindo:
Reversi - Me

06 julho 2009

Ponto de Fuga


Faça uma linha com todas as histórias
Que sempre temos que contar pra tentar mudar de vez
Siga essa reta sem se desviar
E tente se equilibrar sem a ajuda de ninguém

Eu não quero mais ficar por aqui querendo estar noutro lugar
Não há porque querer insistir no que a mente tenta esquecer
Do que eu posso não dá mais pra fugir
Por ser covarde ou ter coragem demais
(Coragem nunca é demais)

Corte essa linha e escolha um lugar e hora
Pra sentir na pele como é não se mover
Quebre as correntes que seguram os seus pés
E trilhe o seu caminho
Deixe marcas
Conte sua história

Eu não quero mais ficar por aqui querendo estar noutro lugar
Não há porque querer insistir no que a mente tenta esquecer
Do que eu posso não dá mais pra fugir
Por ser covarde ou ter coragem demais
(Coragem nunca é demais)

E o que bate aqui
Ninguém vai tirar
E sobre os estilhaços eu vou andar

Eu não quero mais ficar por aqui querendo estar noutro lugar
Não há porque querer insistir no que a mente tenta esquecer
Do que eu quero não dá mais pra fugir
Por ser covarde ou ter coragem demais


E é dessa forma que eu começo a publicar, enfim, as minhas letras, que são parte das músicas da banda REVERSI, na qual eu estou trabalhando minhas próprias composições.
Esta aqui é primeira de várias (no mínimo dez, por enquanto) que eu postarei/tentarei postar semanalmente.

E escolhi essa exatamente pela urgência de escolha que ronda minha vida nos últimos tempos... Só sei que parado eu não fico mais.


*Ouvindo: Alice in Chains - A Looking In View

17 junho 2009

Doses de Tequila (parte 2)


E eu nem vim até aqui para falar de algum possível porre ou algo que o valha. Na verdade, como eu havia bem dito, há MUITO tempo atrás, era exatamente que havia diversas interpretações sobre esse meu lance quase que espiritual com a tequila.


Dessa vez o que vem à tona como um simples e pequeno copo que é colocado ao balcão, como se fosse algo comum, é aquela espécie de momento que te faz repensar sua vida inteira até ali. Cada decisão, cada simples “oi” em uma tela que, de repente, se transforma uma série de acontecimentos, até que a gente se dá conta, assim, no meio de uma conversa, de que tudo aquilo é real e que não há distância que separe certas palavras, sentimentos, porres e rituais em comum.


E hojenão importa mais nem a ordem desses rituais. Se for pra proteger do ácido, é melhor que o limão venha primeiro pra prevenir que depois pra curar o que já foi aberto. Vale lembrar que prevenir não significa aqui se privar do que vem junto com o sabor da tequila. O que vem com esse gosto é toda a verdade e toda a realidade do que se quer sentir e viver.


E se eu já havia exaltado antes a companhia que nos acompanha nessa viagem de autoconhecimento travestida de ritual etílico entre cachaceiros de primeira, o que me resta aqui é acentuar que nada pode ser melhor do que dividir esse momento com pessoas que querem, da mesma forma que eu quero, criar uma cena única em nossas vidas e eternizar aqueles sorrisos e olhares pra lembrar e rir com a mesma intensidade anos e anos depois, ou mesmo ininterruptamente durante uma semana inteira.


E assim a gente começa a pensar quando é que deixaremos de exagerar no sal quando o que queremos é adoçar a vida... Quando é que deixaremos de exagerar no limão pra sentir de fato as coisas como elas são. Quando é que tomaremos a tequila pura e sincera, arcando com as conseqüências sem anular o aprendizado do exagero nem anular o prazer de ter a coragem de o fazer.


E então eu me dou conta de que há muito tempo eu já comecei a pensar assim, e se eu deixei de pensar assim em algum momento, foi este o meu momento de fraqueza. De repente nem toda vitória deixa de ser amarga e nem todo porre é nauseante. E voltar a beber desta tequila, com pessoas que sabem o que isso realmente significa, o que isso realmente traz de bom, o quanto isso realmente nos aproxima e nos torna pessoas mais puras e sinceras, é o que nos faz decidir seguir em frente e arriscar.


Afinal, nenhum lugar pode ser tão longe quando é arriba, abajo, al centro, adentro de nuestras vidas.


N. B. 2 (Nota do Blogueiro 2): Este post é dedicado a Maringá e a todos os amigos e amigas de pouco tempo que já são de sempre, e todas as pessoas maravilhosas que eu conheci nesses últimos seis meses e, principalmente, que eu vi ou conheci neste fim de semana.



* Ouvindo: U2 - Stay (Faraway, So Close)