17 junho 2009

Doses de Tequila (parte 2)


E eu nem vim até aqui para falar de algum possível porre ou algo que o valha. Na verdade, como eu havia bem dito, há MUITO tempo atrás, era exatamente que havia diversas interpretações sobre esse meu lance quase que espiritual com a tequila.


Dessa vez o que vem à tona como um simples e pequeno copo que é colocado ao balcão, como se fosse algo comum, é aquela espécie de momento que te faz repensar sua vida inteira até ali. Cada decisão, cada simples “oi” em uma tela que, de repente, se transforma uma série de acontecimentos, até que a gente se dá conta, assim, no meio de uma conversa, de que tudo aquilo é real e que não há distância que separe certas palavras, sentimentos, porres e rituais em comum.


E hojenão importa mais nem a ordem desses rituais. Se for pra proteger do ácido, é melhor que o limão venha primeiro pra prevenir que depois pra curar o que já foi aberto. Vale lembrar que prevenir não significa aqui se privar do que vem junto com o sabor da tequila. O que vem com esse gosto é toda a verdade e toda a realidade do que se quer sentir e viver.


E se eu já havia exaltado antes a companhia que nos acompanha nessa viagem de autoconhecimento travestida de ritual etílico entre cachaceiros de primeira, o que me resta aqui é acentuar que nada pode ser melhor do que dividir esse momento com pessoas que querem, da mesma forma que eu quero, criar uma cena única em nossas vidas e eternizar aqueles sorrisos e olhares pra lembrar e rir com a mesma intensidade anos e anos depois, ou mesmo ininterruptamente durante uma semana inteira.


E assim a gente começa a pensar quando é que deixaremos de exagerar no sal quando o que queremos é adoçar a vida... Quando é que deixaremos de exagerar no limão pra sentir de fato as coisas como elas são. Quando é que tomaremos a tequila pura e sincera, arcando com as conseqüências sem anular o aprendizado do exagero nem anular o prazer de ter a coragem de o fazer.


E então eu me dou conta de que há muito tempo eu já comecei a pensar assim, e se eu deixei de pensar assim em algum momento, foi este o meu momento de fraqueza. De repente nem toda vitória deixa de ser amarga e nem todo porre é nauseante. E voltar a beber desta tequila, com pessoas que sabem o que isso realmente significa, o que isso realmente traz de bom, o quanto isso realmente nos aproxima e nos torna pessoas mais puras e sinceras, é o que nos faz decidir seguir em frente e arriscar.


Afinal, nenhum lugar pode ser tão longe quando é arriba, abajo, al centro, adentro de nuestras vidas.


N. B. 2 (Nota do Blogueiro 2): Este post é dedicado a Maringá e a todos os amigos e amigas de pouco tempo que já são de sempre, e todas as pessoas maravilhosas que eu conheci nesses últimos seis meses e, principalmente, que eu vi ou conheci neste fim de semana.



* Ouvindo: U2 - Stay (Faraway, So Close)

Um comentário:

Meire Jesus de Agustinho disse...

Haa...cansei dos números...vamos as letrinhas....

Agradou-me este novo post, por isso venho me intrometer...

E as tão geniais papilas gustativas, sensíveis ao mínimo sabor...e talvez o sentido mais primitivo que aqui é envolto pela mais sublime das comparações que já tive notícias...
É mais do que sabor, é aroma, é a junção...são os chamados flavors que neste contexto se vale da consciência em um raro encontro com a razão.
A tal análise, no entanto, não de autoconhecimento, mas de auto-sentido...e ainda que isso signifique total falta de imparcialidade, ao contrário do que se possa imaginar, isso aumenta a credibilidade dos princípios componentes, isto porque, o parcial aqui define a linha da memória...
E como se pode pensar e reunir uma série de acontecimentos por vezes infinitesimais? E encontra-se nesse seu post a saída...cronologia de sentido...do mais amargo arrepiante ao mais doce enjoativo...na ordem que mais lhe agradar.
E por tempos tentamos fugir do que fere o sensorial, abster-se do ácido e do cáustico, sabores tão opostos e tão igualmente fortes...é o susto do paladar...como o acordar para o de fato vale a pena objetivar, lembrar, contar, ambicionar...
E nada disso faz sentido sem que haja aqueles com quem argumentar, com quem dividir, com quem concordar, não uma dependência, é justamente o contrário...é a independência pura e simples, a busca do melhor sabor...e está aí a importância de conhecer os piores...
E sinceramente, ainda que eu almeje tudo ao contrário disto, e ainda que anseie pela total praticidade que eu possa dar ao que sinto, num ato de uma simplória divisão do tipo: gosto e não gosto...ainda assim, para separar é preciso saber o que dividir...eis a festa dos sabores...

Afff...e eu fiz de novo...:p...cansei da maionese...vamos de purê?

Bjokas!