10 agosto 2009

Nada Igual


Quando vai parar?
Quando vai mudar sem que alguém te diga pra mudar?
Só vai entender
Quando perceber que tudo sempre esteve aqui
Procurar a chave
Pra uma porta que já estava aberta pra você
É procurar errado
Quando ao seu lado está aquilo tudo que você quer ver

Sair do sério e da rotina é o que você quer
Então por que não solta o freio e deixa tudo andar?
Suba na prancha e deixe a onda te levar
Esteja pronto pra que venha o que vier

E no final
Não é normal se for tudo igual
Não é real se for sempre igual

Depois de escalar
E então chegar ao topo
Me diz: pra quê olhar pra trás?
Não sabe aonde vai
Nem como chegar
Não espere uma bússola pra te guiar

Sair do sério e da rotina é o que você quer
Então por que não solta o freio e deixa tudo andar?

E no final
Não é real se for tudo igual
Não é normal se for sempre igual
E no final
Não é real se for sempre igual
Não é normal se for tudo igual
Não é real, não é normal
Nada é igual



Antes de vir aqui para continuar a postar as letras das músicas da Reversi, eu fiquei pensando em como eu poderia complementar a idéia de Nada Igual. Essa é uma letra bem mais livre e menos rigidamente estruturada por si só: foi uma letra feita e pensada juntamente com a música desde o início. Por isso decidi falar sobre ela de uma forma menos formal que as outras, tratando-a como música em si e não simplesmente o seu texto.

Nada Igual
veio para ser uma música bem mais divertida e agitada, e por isso nasceu assim, mais livre. Ao mesmo tempo, em contrapartida, a idéia de trazer algum conceito para a letra não poderia ficar de fora, tornando-a uma música um tanto quanto vazia de idéia. Apesar de essa ser a primeira impressão deixada pela letra e ainda mais por ela com a música - que vocês ouvirão bem em breve - o que eu tento passar através da letra é a idéia de que há algo errado, ou ainda algo a se desconfiar, quando algo ou alguém se comporta sempre da mesma forma, ou tem sempre a mesma cara, ou nunca muda. Primeiro porque todos nós somos passíveis de mutações ideológicas - aqui cabendo paráfrases tanto de Rush quanto de Raul Seixas - e emocionais, de acordo com o meio em que estamos ou com o quanto nos deixamos ser influenciados por ele. Segundo porque o "tudo igual" geralmente é muito artificial, ou ainda uma máscara para esconder o que realmente acontece. Na "melhor" das hipóteses, as pessoas deixam tudo ser igual à sua volta com medo de abrir mão do que têm por algo maior.

Por isso, de certa forma, a música é direcionada especialmente para as pessoas que se encaixam à "melhor das hipóteses", já que as outras são, na minha opinião, mecanismos de pessoas fracas, que preferem mascarar os próprios problemas e fraquezas para se mostrarem mais fortes que os outros, quando são, repito, as mais fracas. Quem tem medo de deixar o certo pelo duvidoso porque "é assim que a vida ensina" perde metade ou mais da essência do que é realmente viver; daí eu sempre caio naquela vertente meio Faustiniana de valorizar a busca à qual a vida é quase que dependente. Se você pára, seja por seus medos ou seja pelos outros que não só não te ajudaram a chegar ao topo como ainda tentam te puxar de volta para baixo, você não pode reclamar que tudo sempre anda igual, e muito menos se conformar achando que isso é a vida real, ou a viver a vida normalmente.

Em suma, Nada Igual é uma música mais livre exatamente porque é sobre se arriscar, é sobre não mascarar as fraquezas e tomar as rédeas da própria vida, e também sobre dar valor ao que já foi conquistado e ao que se quer conquistar, sem dar importância ao que dizem a você que é certo ou errado. Mesmo que, às vezes, quem diga isso seja a sua própria consciência, por vezes tão viciada a se importar com a opinião dos outros.


*Ouvindo: Reversi - Nada Igual