03 agosto 2009

Antíteses


Os dias são tão escuros
E as noites brilham cada dia mais
O mais cedo possível agora é tarde demais
A pressa anda tão lenta
E não há direção nos pontos cardeais
Seguir em frente só me levou a andar pra trás

E quando é tudo ou nada
Escolho sempre a mesma coisa

Não há mais nada genial
São apenas contradições
Antíteses de mim mesmo
E de tudo o que eu não sou

Os seguros já morrem jovens
As loucuras já são normais
A vida publica o que acontece nos jornais
O barulho está tão quieto
E o silêncio quebrou os cristais
Até já criei minha própria guerra
Pela minha própria paz

E quando o tudo é nada
Nada é sempre a mesma coisa

Não há mais nada genial
São apenas contradições
Antíteses de mim mesmo
E de tudo o que eu não sou




Voltando às postagens das minhas letras, decidi escolher esta que vem tão bem a calhar para essa semana. A letra é bem metalingüística, ou seja, auto-explicativa a ponto de ao mesmo tempo sacar que esse é o nosso cotidiano, e ao mesmo tempo trazer todas as contradições bem explicitadas. Sem maquiagem, sem qualquer figura de linguagem além das próprias antíteses escancaradas.

E se eu sou uma pessoa normal, e por isso mesmo carrego dentro de mim todas essas contradições, o que é que eu NÃO sou, enfim?
Eu tenho uma tentativa de resolução (no meio de tantas criadas por todas as pessoas que um dia se perguntam qual o seu papel no mundo) que está desde sempre postada no meu perfil de Orkut - e que lugar mais irônico para tentar definir uma resolução do "quem sou eu?", não?

Ainda assim, fico com a definição que a Danny colocou no blog dela - Sorrisos Largos - mais precisamente no post de estréia do blog, que de certa forma até compactua com a minha idéia de que, não adianta o que eu faça, eu sempre serei uma pessoa diferente para cada pessoa diferente. E não há nada - genial ou não - que possa ser feito em relação a isso.


*Ouvindo: Cazuza - Só Se For a Dois