20 julho 2009

Cada

Cada estrela que cai brilha mais
Cada sonho é mais do que a vida nos traz
Cada nota soa e flutua infinita
Cada passo na corda bamba é arriscado

E essa corda bamba que me enrosca aqui
Já me faz muito bem porque posso tocar
E se um dia eu partir essa nota ainda há de soar

Cada destino é sentido tão perto
Cada gesto largo é sólido e certo
Cada muro tem os dois lados da história
Cada gole é mais amargo que a memória

E as memórias e as danças que nos fazem lembrar
De um filme que assistimos a queimar
Estão na folha que mostra o dia em que vamos cair

E serei memória, então
E serei história em vão
E serei sólido, enfim
E cairei um dia, e fim

E as memórias e as danças que nos fazem lembrar
De um filme que assistimos a queimar
Estão na folha que marca o dia em que vamos cair

E essa corda bamba que me enrosca aqui
Já me faz feliz porque posso tocar
E se um dia eu partir essa nota ainda há de soar



E, assim,
o todo só se faz presente e completo com cada parte em harmonia plena, ainda que imperfeita.
E, quando não estão no devido lugar, é nossa parte arrumar a bagunça que nós mesmos fizemos.

Porque o tempo passa, nós passamos, e o que fica é o que deixamos como exemplo pra quem fica e nos vê cair definitivamente.


(Essa letra foi escrita em meados de 2006, mas de certa forma traduz o que aconteceu durante toda a vida de um cara que eu sempre admirei e que há quase um mês caiu, e provou muitas coisas presentes nesta letra. Dedico não apenas a letra mas também esta postagem a Michael Jackson, de quem sou desde quando aprendi a gostar de música, há mais ou menos 20 anos, e que provou mais uma vez que, hoje e sempre, "cada estrela que cai brilha mais".)


*Ouvindo: Michael Jackson - Man In The Mirror

3 comentários:

Meire Jesus de Agustinho disse...

ahhh...perfeito isso, caiu mais que bem essa homenagem...

Bom, mas vou eu ao meu...ao meu...bom enfim...

Cantando a vida como ela só, somente o hoje aqui e o amanhã de quem dera.
Semana de sucesso, um mês ao fundo...E o que caleja, também fortalece e amadurece.
E ninguém atira pedras no que morto está, ou seja, ainda no chão eu incomodo, desperto ainda que a raiva.
Eu me construo, parte a parte; faço remendos é verdade...mas é assim que moldo a mim mesmo.
Sempre por um fio, a beira de mim, veemente e marcante.
A extrema paixão, a raiva intensa, tudo sentido demais e transposto a olho nu.
E como descreve Comte...o desejo não cessa, ainda que o mesmo seja sair do tédio de nada desejar...
E isso me faz bem, ainda que por vezes eu me sinta mal.
E no fim eu vou sempre estar aqui, nas lembranças dos que me adoram e também dos que não me suportam.

Bjokas!

Bruno Maiorquino* disse...

Gostei, particularmente, das rimas, e da parte "E serei memória, então/ E serei história em vão/ E serei sólido, enfim/ E cairei um dia, e fim".
Sem contar a justa homenagem, vai o homem, fica a obra, "mais perene que o bronze", ou algo assim.
Acho bacana os adendos self-comentando e expandindo o texto.

Abraço!

Anônimo disse...

Essa pra mim é a letra mais bonita :)
E vc dedicou ao Michael Jackson, que eu tb adoooooro.

Bjusss

Ayde