11 novembro 2016

Crônica Não-Cronológica sobre a Cronopatia Crônica


Não sinto que perdi o tiro de largada.
Sei que quebrei recordes, bem como tropecei em barreiras.
Nadei piscinas inteiras sem poder ou saber
E ouvi os aplausos dos que reconheceram minha coragem
Bem como os risos dos que me chacotearam.

Já caí do cavalo, no meio do barro
E já cheguei em segundo, por um segundo e a um focinho
Da foto das lentes que, instantaneamente, voltaram-se a si
Deixando-me, instantaneamente, feliz
Por não me colocar sempre em primeiro lugar.

O tempo é tão infinito quanto nós
Quando, arbitrariamente ou não, nos despimos de nossos relógios
O tempo é a força natural que,
Na ânsia por controlá-la
- e no atraso crônico em compreendê-la -,
Teimamos em tomá-la por deus.


(Gratidão a você que visitou esse espaço nesses últimos dez anos, completados hoje. Como todo bom ciclo, ele termina exatamente onde começa um novo. Voltarei a publicar com maior frequência. E em uma nova frequência.)

*Ouvindo: Jeff Buckley - Hallelujah

Um comentário:

Anônimo disse...

E o tempo passa sempre do mesmo modo... nós é que o sentimos passar diferente as vezes querendo acelerar... passar devagarinho... parar e até voltar... mas o tempo não muda seu compasso, o tempo nunca muda... mas o tempo muda tudo a sua volta... muda o físico, o químico, o vivo e até o morto... muda pessoas. E sim, na ânsia do controle que nos falta sobre os desmandos desse tempo, resta-nos recorrer ao Deus do tempo... das horas... da força maior, da energia... do que chamarem... Será mera analogia? Ainda que seja, isso não seria importante penso eu.

Bom texto!
E o blog foi sempre muito bom! Parabéns!

Meire.