06 janeiro 2017

Pas de Deux

Não sabes quanto bem me faz
ver teus pés no palco a flutuar,
quando já me falta o equilíbrio
por ter por inteiros os dois pés no chão.

O brilho que vem do chão e do céu
(e de dentro de ti)
e de quem contigo o compartilha
é o que te equilibra;
é o que tens e traz
e nos faz feliz.

Teu corpo não é de ter de ter;
é mármore lapidado de dentro pra fora
por alguém que tem nas mãos
o que tenho nas linhas das mãos,
nas pontas dos dedos,
e tu tens nas pontas dos pés.
(Alguém chamado alma.)

E o que temos dentro de nós, dividido,
é segredo que todo mundo sabe;
é sonho e sentido da vida;
é arte que arde na alma e nos calos
quando não se sente.

O que temos - tantos de nós -, bem-aventurada
é um pas de deux que não leva à coda;
é um sonho do qual não se acorda;
na paz de Deus, na alma
no mundo que roda, que roda.

Composto em 2012, e dedicado aos 20 anos - com 75 minutos de atraso (os mesmos 75 minutos que nos uniam duas vezes por semana através das palavras e, por elas, a toda a beleza da arte, música e dança) - à bailarina que mais encantou quem sempre a viu dançar: Beatriz Vieira.

Grato pela inspiração e lembranças eternas!


Ouvindo: Elton John - Tiny Dancer 

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